Instituto Pensar - CPI da Pandemia: Mandetta é o primeiro ex-ministro da Saúde a depor

CPI da Pandemia: Mandetta é o primeiro ex-ministro da Saúde a depor

por: Mariane Del Rei 


A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal que investiga ações do governo federal no enfrentamento da pandemia e aplicação de recursos da União transferidos para estados, Distrito Federal e municípios para essa finalidade (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado Federal ouve na manhã desta terça-feira (4) o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. O colegiado investiga ações e omissões do governo federal no enfrentamento à Covid-19 e o uso de verbas federais pelos entes federados na crise sanitária. Ainda nesta terça, a partir das 14h, o ex-ministro Nelson Teich também será ouvido.

O primeiro a depor, Mandetta, esteve à frente do Ministério da Saúde de Jair Bolsonaro (sem partido) desde a posse até 16 de abril de 2020. Naquela data, o Brasil registrava 1.924 mortes por Covid-19; hoje, são 407.775. A comissão ouvirá também Teich, que permaneceu menos de um mês à frente da pasta.

Os depoimentos de Mandetta e Teich devem ser marcados pela tentativa de senadores independentes e de oposição de apontar erros de Bolsonaro. Governistas, por sua vez, buscarão imputar a Mandetta, que tem atuação crítica ao ex-chefe, falhas da atuação do Executivo no início da pandemia.

Pazuello avisa que não irá à CPI

O Palácio do Planalto quer aproveitar este primeiro dia de depoimentos para tentar diminuir o impacto das cobranças sobre a gestão de Eduardo Pazuello, que seria ouvido amanhã. O presidente da CPI, Omar Aziz ( PSD-AM), comunicou extraoficialmente que o ex-ministro teve contato com assistentes com Covid-19 e não irá ao depoimento marcado para esta quarta-feira (5).

A estratégia do Planalto é que senadores governistas critiquem Mandetta, por exemplo, pela orientação inicial de que as pessoas não procurassem imediatamente um médico ao sentir os primeiros sintomas de Covid-19. Ele também será questionado sobre o plano de logística para atender estados e municípios com medicamentos e respiradores, e acordos para adquirir vacinas.

Leia também: CPI da Pandemia: acompanhe ao vivo depoimento de Mandetta

Treinamento no Planalto

O general Pazuello participou de "treinamento? para o depoimento. Segundo informações do jornal O Globo, o encontro ocorreu fora da agenda do Planalto para poder preparar o general para o depoimento que seria dado nesta quarta.

Quando for depor, o ex-ministro da Saúde mais longevo até agora na gestão de Bolsonaro deve sustentar em quatro pontos centrais em seu depoimento à CPI. Culpar a Organização Mundial da Saúde (OMS), governos estaduais e prefeituras, o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela tragédia brasileira diante da pandemia, com mais de 400 mil mortes.

Sobre a OMS, Pazuello deve argumentar que a entidade demorou a decretar situação de pandemia e jogar a responsabilidade em prefeitos e governadores pela realização de Carnaval em 2021. O segundo trata sobre a decisão do STF de garantir que governos locais teriam a responsabilidade de adotar medidas de distanciamento, esse argumento é bastante usado pelo presidente para se isentar de responsabilidades.

Lista da Casa Civil municia CPI

Em entrevista dada ao Uol na segunda-feira (3), o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que todos os pontos presentes em documento enviado pela Casa Civil de Bolsonaro para ministérios vão estar na CPI e criticou as declarações do presidente durante a pandemia.

O relator afirmou que não poderia ocultar do plano de trabalho da comissão questionamentos que foram feitos pelo próprio governo. "Era muito importante que nós não deixássemos fora nenhuma daquelas questões que foram levantadas pelo governo, senão apareceria quem perguntasse para mim: ?Olha, com relação a isso ou aquilo, o governo disse que estaria tendo que responder sobre uma indagação, e você como relator retirou do próprio plano de trabalho??, disse.

Leia também: CPI da Pandemia levanta 200 falas negacionistas de Bolsonaro

Calheiros defendeu a apuração de todas as declarações públicas do presidente. "Como é que vai investigar, cumprir seu papel constitucional, se há omissão, se há responsabilidade de um governo, de um presidente da República, sem começar juntando as frases e suas manifestações públicas? Não há como começar diferente?, sustentou.

Ao ser questionado sobre qual seria a pior frase, ele respondeu assim: "Olha, se você me perguntar mesmo isso, eu terei muita dificuldade em responder, porque na verdade todas me assustam?.

Com informações do O Globo, InfoMoney, Uol, Revista Fórum e Agência Senado




0 Comentário:


Nome: Em:
Mensagem: